Quais as peculiaridades de um paciente hospitalizado idoso?
No âmbito hospitalar, a UTI é vista como um dos locais mais tensos e traumatizantes, concentrando pacientes em estado crítico, com necessidade de observação constante e cuidados especiais. Embora possua mecanismos tecnológicosutilizados cada vez mais avançados, somente este aparato não contribui para melhoreficácia do tratamento e uma assistência de qualidade e humanizada.
Na UTI, o profissional de saúde lida com situações estressantes e de tensão, tais
como: a escassez de leitos e de recursos humanos, e também, a dificuldade de aceitação
da morte, podendo afetar a sua atuação e contribuindo para uma assistência mecanicista,
descaracterizando o cuidado
Durante o período de hospitalização, os profissionais de saúde devem se preocupar
com o processo de recuperação do paciente, contribuindo para a criação de um ambiente
adequado e proporcionando a sensação de relacionamento com esse mundo e não de
isolamento. O paciente idoso requer uma atenção especial, exige um cuidado
diferenciado com maior sensibilidade, considerando suas peculiaridades, suas alterações
orgânicas normais, psicológicas e sociais. Deve-se considerar que cada idoso percebe a
sua condição de maneira diferente, pois alguns reagem individualmente ao sofrimento,
exigindo do profissional a capacidade para intervir em momentos de crises.
Por lidar constantemente com as perdas alheias, é necessário que a equipe aprenda
a superá-las ou desenvolva mecanismos de adaptação, fortalecendo-se como pessoa para,
dessa maneira, apoiar os pacientes e familiares nos momentos difíceis.
O papel do profissional de saúde não é só cuidar dos problemas fisiopatológicos, é
também, compreender e assistir o idoso em sua totalidade, às questões psicossociais,
ambientais e familiares, suprindo suas necessidades, garantindo a eficácia de sua
recuperação. O atendimento a esses idosos requer conhecimentos específicos da área,
devendo saber agir diante das situações diferentes e inesperadas.
Falar em humanização pressupõe que, além de um atendimento digno, acolhedor e
solidário pela equipe multidisciplinar para com o paciente, deve-se adotar uma postura
ética que permeie todas as atividades profissionais. Dor e sofrimento precisam ser reconhecidos e compreendidos de maneira humanizada para que o idoso perceba que todos têm um objetivo comum: atendê-lo e satisfazê-lo.
A humanização no atendimento exige dos profissionais de saúde, essencialmente,
compartilhar com o seu paciente experiências e vivências que resultem na ampliação do
foco de suas ações, via de regra restritas ao cuidar como sinônimo de ajuda às
possibilidades da sobrevivência. Dessa forma, cada encontro entre o profissional e o
paciente reveste-se de uma tomada de consciência quanto aos valores e princípios
norteadores de suas ações, num contexto relacional. A capacidade e o interesse na comunicação entre equipe e família são considerados essenciais no cuidado humanizado. É através da comunicação que somos capazes de nos relacionarmos e construirmos uma condição de atendimento e interação com o outro,seja ele idoso ou colega de trabalho.
Acolhendo o paciente idoso de maneira agradável, transmitindo sensação de segurança e a percepção de que ele é bem vindo, desta forma, os profissionais do hospital contribuem para a sua recuperação.
A construção de uma assistência humanizada na UTI torna-se uma tarefa difícil, pois
requer atitudes às vezes individuais contra todo um sistema tecnológico dominante. É
importante lembrar que é um processo com metas a curto/médio/longo prazo,
impulsionada por medidas de avaliação e da capacidade de aprender com a própria
experiência e a dos outros. Humanizar a relação com o paciente realmente exige que o
profissional valorize a afetividade e a sensibilidade como elementos necessários ao cuidar.
O profissional de saúde deve ter em mente que quando se trabalha em uma UTI,
depara-se com um ambiente de ansiedade. Procurar humanizá-la é tarefa diária, assim
como reconhecer que sua presença se torna tão importante quanto os procedimentos
realizados.
Um exemplo simples do processo de humanização, é promover a autonomia dos
pacientes fazendo com que eles aos poucos reconquistem sua capacidade de resolução
independente. Assim, o paciente passa a ser tratado como pessoa que é, com todos os
tipos de sentimento que a interação pode suscitar, e não apenas como um doente.
